quinta-feira, outubro 07, 2010

Próximo passo para a cerveja artesanal: plantando lúpulo

Muita gente no mundo ama cerveja e se diz entendido do negócio. Pouca gente, porém, realmente entende dos ingredientes necessários à fabricação da cerveja. A lei alemã de pureza, ou Reinheitsgebot, dita que somente água, malte de cevada e lúpulo podem ser usados na fabricação (sem contar a levedura, que eles não sabiam da existência na época). A maior parte da cerveja é, obviamente, água. Cevada é uma planta parecida com o trigo. Pra cerveja, faz-se malte da cevada: um processo em que você encharca os grãos de cevada, deixa que germinem e corta a germinação secando e torrando os grãos. Finalmente, lúpulo é usado pra aromatização e sabor. Usa-se somente um pouco de lúpulo (mais ou menos 10g de lúpulo seco por 20 litros de cerveja).

Em minha busca por fazer uma cerveja realmente artesanal (veja o capítulo da Stout) eu pensei em produzir todos os ingredientes em casa. Isto é, eu queria plantar minha própria cevada e meu próprio lúpulo. Porém, cevada precisa de muito espaço pra produzir o necessário. Então eu resolvi aproveitar que estou em um clima frio e plantar meu próprio lúpulo. A planta é uma erva bem relacionada com a canabis, e uma ou duas plantas seriam mais que suficientes pra produzir lúpulo suficiente pra minha produção atual. Encurtando a história, eu encomendei 6 pés (pois alguns podiam morrer na viagem de correio) e acabei recebendo 12. O lúpulo é como uma vinha, e precisa de um suporte pra subir, podendo crescer até uns 30cm por dia e chegando a mais de 3m. Eu preferi plantar em vasos (pois meu solo não é dos melhores ainda) e usei cizal pras ervas subirem. A gente plantou duas variedades, Hallertau (que é um lúpulo nobre, pra dar sabor) e Cascade (que é mais forte, pra dar amargor). Infelizmente não tirei foto das mudas, mas aqui vai uma do meu jardim quando já estavam subindo (esses são lúpulos de Hallertau).



E essa aqui é de um pé que a gente colocou na sacada, meio que decorativo. O pezinho da esquerda ficou num vaso menor, nem achei que ele ia vingar, mas tá aguentando bem. O da esquerda é Hallertau, o maior é Cascade.




O Cascade deveria ser mais forte já que ele foi desenvolvido exatamente pro clima da américa do norte. Por alguma razão somente os de Hallertau deram uma boa colheita. Vamos ver ano que vem. Nessa foto vocês podem ver a flor do lúpulo no pé. Ali no meio daquele conezinho tem uma espécie de liquido amarelado e grudento, que é o que nos interessa. Note que todas as plantas são fêmeas, pois não queremos polinização.



Bom, essa foi a colheita total deste ano. Eu achei ótimo, já que no primeiro ano as plantas estão mais preocupadas em estabelecer o sistema de raízes e gastam bastante energia nisso. Ano que vem provavelmente teremos mais.



Eu deixei essa bandeja no sol por mais ou menos uma semana até que os cones ficaram completamente secos. Daí o negócio foi empacotar os cones, retirando o máximo possível de ar. E agora esse pacotão aí tá no meu freezer, esperando o próximo batch de cerveja. Eu ainda nem sei direito como medir e usar, pois estava acostumado com os pellets que a gente já compra ressecado e preparado na medida. Quando eu tiver algum resultado eu posto aqui.




Agora meu jardim está vazio. Eu cortei todos os pés bem perto da raiz e cobri de folhas e composta. Se plantados diretamente na terra, eles aguentam o inverno bem (até -20oC) e na próxima primavera brotam de novo. Mas em vasos a raiz fica muito desprotegida, então eu vou colocar na garagem, onde não fica tão frio. Tomara que sobrevivam o inverno!