sábado, março 31, 2007

The Genius of the Crowd





there is enough treachery, hatred violence absurdity in the average
human being to supply any given army on any given day

and the best at murder are those who preach against it
and the best at hate are those who preach love
and the best at war finally are those who preach peace

those who preach god, need god
those who preach peace do not have peace
those who preach peace do not have love

beware the preachers
beware the knowers
beware those who are always reading books
beware those who either detest poverty
or are proud of it
beware those quick to praise
for they need praise in return
beware those who are quick to censor
they are afraid of what they do not know
beware those who seek constant crowds for
they are nothing alone

beware the average man the average woman
beware their love, their love is average
seeks average

but there is genius in their hatred
there is enough genius in their hatred to kill you
to kill anybody
not wanting solitude
not understanding solitude
they will attempt to destroy anything
that differs from their own
not being able to create art
they will not understand art
they will consider their failure as creators
only as a failure of the world
not being able to love fully
they will believe your love incomplete
and then they will hate you
and their hatred will be perfect

like a shining diamond
like a knife
like a mountain
like a tiger
like hemlock

their finest art

Charles Bukowski


quinta-feira, março 29, 2007

Pagando O Pato - tira randômica




Para quem quer ter uma tira do Pagando O Pato no seu site/blog basta inserir o código:


<a href="http://www.pagandoopato.com.br" target="_blank">
<img src="http://www.mutacao.com.br/pato/strip/img/random.php" style="width: 770px; border: 0px;"></a>


Com esse código, a cada reload/atualizacao da página uma nova tira do Pagando O Pato aparecerá sem problemas!

segunda-feira, março 26, 2007

Balada do Di Cavalcanti


Amigo Di Cavalcanti
A hora é grave e
inconstante.
Tudo aquilo que prezamos
O povo, a arte, a cultura
Vemos sendo desfigurado
Pelos homens do passado
Que por terror ao futuro
Optaram pela tortura.
Poeta Di Cavalcanti
Nossas coisas bem-amadas
Neste mesmo exato instante
Estão sendo desfiguradas.
Hay que luchar, Cavalcanti
Como diria Neruda.
Por isso, pinta, pintor
Pinta, pinta, pinta, pinta
Pinta o ódio e pinta o amor
Com o sangue de tua tinta
Pinta as mulheres de cor
Na sua desgraça distinta
Pinta o fruto e pinta a flor
Pinta tudo que não minta
Pinta o riso e pinta a dor
Pinta sem abstracionismo
Pinta a Vida, pintador
No teu mágico realismo!

Carioca Di Cavalcanti:
Na rua do Riachuelo
Nasceste, a 6 de setembro
Do ano noventa e sete.
Infante, foste criado
No bairro de São Cristóvão
Na chácara do avô materno
Emiliano Rosa de Senna
(Nome de avô de pintor!)
Orgulhoso proprietário
Do antigo morro do Pinto
(Quem sabe não vem de herança
O teu amor às mulatas?)
Logo os bairros se renovam:
Botafogo, Glória (hotel)
Copacabana e Catete
(O Catete de onde nunca
Deverias ter saído
E ao qual agora voltaste
Humilde e reconhecido).
Moraste no hotel Central
E no hotel dos Estrangeiros:
Ambos desaparecidos
E onde à tarde, entre os amigos
Tomavas, e com que gosto
O melhor uísque do mundo!
Paquetá, um céu profundo
Que não sabe onde acabar
Viu-te muito passear
Ó genial vagabundo!
- Quantas vezes foste à Europa
Dize-me, grão-vagamundo?

No ano de trinta e oito
Em Paris te descobri
Rimos e bebemos muito
Nos bares de por ali
Lembras-te, Di? Consue-
Lo de Saint-Exupéry
Saía sempre conosco
E mais o sargento Thyrso
Que uma noite lá, por pouco
Não sai no braço comigo.
Como foste meu irmão!
Como eu fiquei teu amigo!
E no México, te lembras?
Com Neruda e com Siqueiros
E a linda Maria Asúnsolo
Que tenia blanco el pelo
Bebemos tanta tequilla
Que até dava gosto ver-nos
A comer com gulodice
Um prato de tacos pleno!
Mais de setecentas luas
Ungiram tua cabeça
Que hoje é branca como a Lua
Mas continua travessa…
Que bom existas, pintor
Enamorado das ruas
Que bom vivas, que bom sejas
Que bom lutes e construas:
Poeta o mais carioca
Pintor o mais brasileiro
Entidade a mais dileta
Do meu Rio de Janeiro
- Perdão, meu irmão poeta:
Nosso Rio de Janeiro!


São Paulo, nos 66 anos do pintor mais jovem do Brasil, 06.09.1963

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Poesia de Vinícius de Moraes publicada no livro Poesia completa e prosa, em Poesias coligidas e enunciada por Gláuber Rocha no filme: "Di Cavalcanti Di Glauber"
Titulo Original do filme: "Ninguém Assistiu ao Formidável Enterro de sua Quimera, Somente a Ingratidão, Essa Pantera, Foi Sua Companheira Inseparável."


Filme disponível para download no:
http://www.tempoglauber.com.br/di2.WMV

ps: A exibição do filme está interditada pela justiça desde 1979, quando da conceção de liminar pela 7a. Vara Cível, ao mandado de segurança impetrado pela filha do pintor, Elizabeth Di Cavalcanti.


domingo, março 18, 2007

"God Bless!"



St. Patrick's Day, o pub fechando muito além das onze. Pelo chão os resquícios de beberrões desleixados, massos de cigarro amassados e bitucas, assim como bebados ainda espalhados por mesas, vestindo verde, com seus chapéus e tolos sorrisos. No balcão a garçonete me informa que o bar está fechado, deixo o lugar com o sentimento que não vou poder beber esse santo. Já na calçada ouço a voz familiar do gerente me oferecendo a última Guinnes por eu ser frequentadora da casa, com ela vem o comentário "é sempre bom conhecer as pessoas certas, cheers".
Sento, enrolo um cigarro e assisto três jovens, algumas mesas a frente, se rindo e falando alto. O rapaz levanta, afrouxa o cinto e parece abrir o zipper, arruma a indumentária como que preparando para o uso. Sim, ele se joga sobre a garota sentada no longo sofá. A amiga olha para os lados, sem acreditar, cobre o rosto com o cardápio. O casal se experimenta, mãos por debaixo da mesa brincam compenetradas diante de olhos desatentos. Sem pudor ou senso de direção, não chegam a lugar algum. Ele num gesto de impotência, em pé, guardando o que tinha de fora, grita com a amiga, que risonha, faz pouco caso deles.
Meu conhecido gerente vem em alto e bom som, ordenando que todos acabem seus drinks e vão embora. Eles voltam a conversar como nada acontecido, enquanto outros, inclusive minha pessoa, deixam a cena alterados pelo álcool. Encerramos a noite sem encontrar o pote de ouro no fim do arco-íris, mas certos que o porre e a ressaca na manhã seguinte foram abençoados, não importando se irlandeses ou não, sem necessidade de desculpas ou correta nacionalidade. "God bless us all!".

quarta-feira, março 14, 2007

born into this




born like this
into this
as the chalk faces smile
as Mrs. Death laughs
as political landscapes dissolve
as the oily fish spit out their oily prey

we are
born like this
into this
into hospitals which are so expensive that it's cheaper to die
into lawyers who charge so much it's cheaper to plead guilty
into a country where the jails are full and the madhouses closed
into a place where the masses elevate fools into rich heroes

born into this
walking and living through this
dying because of this
castrated
debauched
disinherited
because of this
the fingers reach toward an unresponsive god

the fingers reach for the bottle
the pill
the powder

we are born into this sorrowful deadliness
there will be open and unpunished murder in the streets
it will be guns and roving mobs
land will be useless
food will become a diminishing return
nuclear power will be taken over by the many
explosions will continually shake the earth
radiated men will eat the flesh of radiated men
the rotting bodies of men and animals will stink in the dark wind

and there will be the most beautiful silence never heard

born out of that.

The sun hidden there
awaiting the next chapter.


Bukowski


segunda-feira, março 12, 2007

Da Memória


A noite trazia uma brisa fresca anunciando o fim dos dias quentes e o inicio de um outono. As sextas feiras à muito deixaram de ser o escape, já que a juventude se extinguia como o verão e Verônica preferia agraciar seu corpo com merecido descanso após as atarefadas semanas. E estas noites de sábado tornaram-se a nova tortura, uma que não sabia se auto-impingida, ou se de alguma forma resultado da ordem natural do universo.
Seguiu caminhando à uma festa, acompanhada de um colega. Mais uma festa qualquer. Nunca tivera sido plenamente feliz, mas de certa forma não acreditava em felicidade plena. Tivera sido mais feliz que agora, e esse relativismo fazia da outrora infelicidade, uma felicidade plena. Nada era satisfatório. Não que fosse por demasiado exigente, não que menosprezasse pura e simplesmente toda a qualidade daquilo que tinha. Mas a comparação era inevitável. Sua memória se comportava como uma memória deve ser comportar, e lhe aplicava truques alucinatórios, esquecendo de propósito os desencantos e desesperos, guardando e apresentando somente os brilhos e acalantos. Tinha certeza de que estava sendo enganada, mas isso de maneira alguma diminuía o seu desejo de sair dali, de desaparecer e de alguma forma resgatar o tempo passado.
A luz incomodava. Era uma festa e a luz forte fazia com que se sentisse vigiada. Cada detalhe de seu rosto podia ser lido e todo o pensamento desvendado. Nada se deixava para ser descoberto. Nada era intrigante e nada era interessante. Tudo era claro e óbvio. Queria apagar a luz.