terça-feira, agosto 15, 2006

texto n° x+5

(mais um dos meus arquivos)

É engraçado como a morte mexe momentaneamente com as pessoas. Digo momentaneamente, porque depois ninguém quer mais saber.

No enterro as pessoas se abraçam, choram, pedem desculpas, resolvem problemas pendentes.

Passa um mês e já está a mesma merda de novo. Um falando mal do outro, arrependimento de ter se arrependido, e por ai vai. E olha que já morreu gente na minha família.

O pior são parentes e pessoas que nunca vi na vida, vindo me abraçar e prestar condolências. Tem gente que fica até com aquele tipo de olho “vidrado”. Faz parte do show.

Uma vez teve uma tia que morreu e fomos todos lá para o ritual funerário. Estava muito quente no dia, era verão. Fazia tempo que não visitava a cidade, e reparei que o cemitério deu uma modernizada. O carrinho para carregar o caixão estava motorizado, e do lado da capela do velório tinha uma espécie de mini-bar, com refrigerantes, cervejas, chips, chocolates, etc. Meu primo teve a brilhante idéia de tomar uma cerveja gelada para rebater o calor. Topei claro. Quando começamos a beber, a galera velha (leia-se essa galera que nunca vi na vida) começou a olhar com uma cara muito feia pra gente. Porra, NÓS éramos a família, não essa gente.

Mas tudo bem, sei que a morte é polêmica para os católicos. Falei “vamos pegar mais duas e beber atrás da capela”. Ledo engano, atrás parecia que tinha mais gente ainda. Como a falecida tia era membro atuante da igreja católica local, o ritual parecia um concurso para saber quem sabia mais músicas de igreja.

Claro que o hit continua sendo “segura na mão de Deus”.

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