Da Memória
A noite trazia uma brisa fresca anunciando o fim dos dias quentes e o inicio de um outono. As sextas feiras à muito deixaram de ser o escape, já que a juventude se extinguia como o verão e Verônica preferia agraciar seu corpo com merecido descanso após as atarefadas semanas. E estas noites de sábado tornaram-se a nova tortura, uma que não sabia se auto-impingida, ou se de alguma forma resultado da ordem natural do universo.
Seguiu caminhando à uma festa, acompanhada de um colega. Mais uma festa qualquer. Nunca tivera sido plenamente feliz, mas de certa forma não acreditava em felicidade plena. Tivera sido mais feliz que agora, e esse relativismo fazia da outrora infelicidade, uma felicidade plena. Nada era satisfatório. Não que fosse por demasiado exigente, não que menosprezasse pura e simplesmente toda a qualidade daquilo que tinha. Mas a comparação era inevitável. Sua memória se comportava como uma memória deve ser comportar, e lhe aplicava truques alucinatórios, esquecendo de propósito os desencantos e desesperos, guardando e apresentando somente os brilhos e acalantos. Tinha certeza de que estava sendo enganada, mas isso de maneira alguma diminuía o seu desejo de sair dali, de desaparecer e de alguma forma resgatar o tempo passado.
A luz incomodava. Era uma festa e a luz forte fazia com que se sentisse vigiada. Cada detalhe de seu rosto podia ser lido e todo o pensamento desvendado. Nada se deixava para ser descoberto. Nada era intrigante e nada era interessante. Tudo era claro e óbvio. Queria apagar a luz.
Um comentário:
Q bom q a Verônica ainda caminha pela noite e deixa seus pensamentos aliviarem o tédio dos nosso dias. Achei excelente, cada vez gosto mais desses personagens, suas aventuras e o q tem pra nos contar.
Continue escrevendo pq sou fã, essas estórias estão ficando cada vez melhores.
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