quinta-feira, outubro 19, 2006

texto n.20 (Verônica)


Verônica trabalha em uma loja de departamentos, setor de calçados. Sexta feira sempre foi o pior dia da semana, sempre de ressaca. Normalmente só podia dormir umas 3 horas. Mas o que fazer? Se não der para aproveitar a vida, ela não vale. E isso inclui as noitadas de quinta.

Ela odeia seu emprego, patrão, colegas de trabalho e clientes. Esses últimos são os piores, quem afinal precisa acordar tão cedo para comprar sapatos?

Suas colegas de trabalho também não ajudam. Todas vestindo aquele horrível uniforme verde, com cabelos tingidos porcamente. E o papo então?

Sexta feira, ressaca violenta, não ajuda nem um pouco a tolerar essa situação. Na verdade a coisa já está meio amortizada. Está tudo mecânico, robótico, quando um cliente esbarra nela.

Ao invés de se sentir incomodada, ela sente um cheiro. Cheiro de homem, que a faz lembrar do tempo em que está sem sexo. Ela não viu o rosto, ou quem era. Apenas ficou o cheiro e uma estranha perturbação.

- Vou buscar mais uns calçados lá embaixo. Fala pra colega.

Ao chegar no estoque, percebe que passou direto pelas mercadorias e parou na frente do banheiro.

- Devo estar louca. Pensa

Mesmo assim entra no banheiro. Escolhe a última cabine – que tem maior espaço. Entra, mesmo sem vontade de usar o banheiro. Encosta a mão na parede, olha sua saia. Começa a lembrar do cheiro que sentiu antes, quando esbarrou no cliente.

Automaticamente começa a subir a saia e baixar a calcinha. A diversão começa com toques suaves de seus dedos, partindo da carícia para penetração intensa.

Ela não consegue pensar mais no trabalho. Pensa no cheiro. Pensa que está tendo um momento bom, enquanto os outros estão lá fora trabalhando. O mundo para ali. O mundo gira ali. Nada mais importa, a não ser esse momento.

Ela percebe que nunca teve um momento tão bom quanto esse que está tendo agora, em anos de trabalho. Como ela não pensou nisso antes?

Ela termina. Olha a porta. Cheira sua mão. Lava as mãos e se olha no espelho. Volta ao trabalho de mãos vazias, mas com a sensação do dever cumprido.

Foi seu melhor dia de trabalho. A partir de então suas visitas ao banheiro ficaram freqüentes.

Um comentário:

Ana Gotz disse...

Sabe que não é uma má idéia?

Espertinha Veronica!

Aqui no meu trabalho seria impossível, pois o banheiro é de minuto, bate-se cotovelos enquanto lava-se o rosto, de tão pequeno.

;-)