sexta-feira, setembro 22, 2006

texto n. 14 (Martha & Daniel - II)



- Posso te confessar uma coisa? Ela pergunta

- Sim... Ele responde, se preparando mentalmente para o que quer que seja essa tal confissão.

- Quando te conheci achei que você fosse um tipo durão, tal, mas agora vejo que você só é pessimista.

- Durão? Pessimista? Que papo é esse?

- É sim. Você faz o tipo do “meio copo vazio”.

- Meio copo vazio? Esse papo está parecendo àqueles programas de qualidade que dão em empresas.

- Você sempre espera o pior de tudo.

- Apenas não tenho ilusões...

- Isso não é sobre ilusões, é sobre escolher ver o lado positivo ou o lado negativo da vida.

- ah... ok...

- É sério! Tente ver o que está de errado, mas procure achar o lado bom, ou como melhorar.

- Minha querida, isso é fácil. TUDO está errado. A coisa toda já começou errada, e vai terminar assim.

- Eu sou um erro?

- Agora você está levando para outra ótica, não é disso que estou falando...

- Olha pra mim, me responde: eu sou um erro?

- Essa discussão é um erro. Você é perfeita. Dando um beijo para ver se acalma a fera e acaba esse papo.

- Você não vai se safar assim tão rápido.

- Meu amor, o que eu quero dizer é que o melhor é não ter ilusões sobre a vida, sobre as pessoas ou o que quer que seja. Se você já começa com a opinião de que a coisa é errada ou ruim, se for boa é um adianto! Que bom se eu me enganasse o tempo todo! Seria tudo perfeito!

- Então, eu sou um engano. Um engano que ficou “perfeita”, como você disse.

- Isso é você quem está dizendo... Minha mensagem é “sem ilusões”, apenas isso. Tome do jeito que quiser.

- Sabe o que eu acho? Não acho que você é um pessimista. Você é apenas um idiota! Levanta da cama, veste o roupão e sai do quarto.

- Puta merda... Já vi esse filme... Desliga a TV e vira pro lado.

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